06/07/12

o centro, esse, nem sei que seja

Essencialmente, mesmo no estado em que está esta merda toda, este nojo, este lamaçal em que vivemos, em que olhamos para um lado e vemos corruptos, olhamos para outro e vemos outros corruptos, e a política deixou de ser uma questão humanista e passou a ser uma gestão de carreira e poder e uma forma de enriquecimento, ainda assim, apesar da esquerda blasé ou da esquerda bafienta, dos friques que não sabem somar 2+2, ainda assim, repito, o que distingue claramente a direita e sempre distinguiu, é o estar a borrifar-se para o próximo. E quando digo o próximo digo o semelhante (coisa que claramente do seu ponto de vista não existe para lá do raio de um parco número de pessoas com quem se partilhe o berço ou um obscuro interesse comum - já nem mesmo se partilha a frequência universitária ou académica porque até mesmo isso se ultrapassa de forma mais ou menos obscura, como se vê...), não digo aqueles que estão ali mesmo à mão, o sobrinho, o afilhado ou o compadrio.
Essa coisa do estado social, isso de termos que estar a sustentar essa maltinha pindérica que não tem dinheiro para comprar saúde e educação. Essa merda de limpar a baba aos velhos e a caca do rabo dos meninos ou dos mesmos velhos, essa pocilga.
É que essa malta empoupada que toma para si o poder ou que defende que não há pão para malucos, essa gente empertigada que nunca se deve ter visto tão bem retratada num livrinho do Eça que devia ter lido na escola, se esquece - não está habituada a considerar o imponderável - que lhe pode suceder um azar, uma reviravolta, um golpe, o que lhe quiserem chamar. E que um dia podem estar na mó de baixo onde bem lhes saberia ter um estado que lhes provesse uma vida digna. Um dia os bancos em que gerem os seus milhões podem de repente não ver as suas dívidas pagas, ou vai que um dia há quem tome as terras pela enxada!... Nem é preciso tanto. Imagine-se que um dia alguém lhes dá também a eles o golpe, a bolsa cai ou aparece outro vigarista que lhes lixa os investimentos... qualquer coisa (difícil de imaginar, eu sei, quando se tem milhões espalhados pelo estrangeiro e bens espalhados pela família)!
Ou seja, lá porque estamos bem num dia não quer dizer que não possamos estar mal no outro. Esta merda aprendia-se nas fábulas de La Fontaine e é mais ou menos do senso comum (ou já foi...). E que mais não fosse esta noção, que requer alguma humildade, eu sei, exercício difícil na soberba, deveria ditar alguma prudência na hora de lixar os outros, de os aniquilar, de criar o fosso.
Qualquer um pode fazer parte dos tais 99%. Ou dos tais 30 milhões de que se fala nesta pequena peça que aqui vos deixo, ilustrativa da resposta dos Republicanos ao Plano Obama de saúde que, ultraje, pretende alargar, para quem não sabe, o sistema de saúde à população americana que nunca teve dinheiro para seguros e por isso não usufruía de todo de cuidados de saúde, e que, aos olhos dos que sempre o tiveram, basicamente enfraquece o sistema existente porque o que havia agora tem ser alargado e chegar para todos! Oh, indignidade!


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