20/12/11

Ontem, hoje e amanhã

Não tenho tempo. E não tenho dinheiro. Mas deve ser por implicação matemática.
Ontem dei por mim a editar um vídeo para uma newsletter, depois de ter experimentado o gif animado (que não seguia bem por email porque não tinha alojamento disponível). Enquanto isso cozinhava ervilhas com ovos. Passeava o cão, limpava ranhos, mostrava coisas às miúdas (as filmagens da festa de Natal onde actuaram). E há o pêlo do cão para apanhar, o pó para limpar, a roupa para lavar, banhos para dar, bocas para alimentar com comida saudável.... eu, já quase sem excepções, adoptei o banho semanal... não tenho tempo, neste movimento perpétuo. Nem dinheiro. Nem tempo para me sentar (excepto aqui no trabalho), nem para brincar com as minhas filhas. Porque não tenho dinheiro para ter quem me ajude nestas lides domésticas e não calhou a quem de direito, por obrigação igual à minha, a responsabilidade. Mas, dizem-me, "isso é a tua vida". "Isso é ser mãe". Pronto. A minha qualidade de vida só fez foi piorar a cada "casamento" e saí sempre mais pobre. Porque sempre com menos mobilidade e disponibilidade para resolver "a minha vida".
É fantástica a paternidade que não acarreta mais do que despesa. Principalmente quando se factura num mês aquilo que eu não ganho num ano.
Já fui mais bem paga, já tive todo o profissionalismo do mundo. Quando era só eu (e ainda durante uns anos em que já não era).
A mim também me custa a despesa. Mas custa o tempo, os anos de vida, as noites mal dormidas, o cansaço e o não parar um segundo. Mas mais dinheiro tivera e nem a despesa cobraria...
Tenho envelhecido tanto, nos últimos anos, tanto.
E no entanto, os outros, esses por quem não consigo deixar de ter ressentimento, constroem o seus negócios, os seus pequenos impérios. Trocam de carro, de casa, o caralho... e são sempre hiper-mega-cool. E não há dia em que eu não tenha a noção desta puta desta injustiça. Estou-me a cagar para os carros, as marcas, essa tralha toda que lhes preenche a alma. Mas não perdoo o que (com tanta responsabilidade na matéria como eu) alteraram na minha vida, incólumes. Porque isso não se compra, não há quem pague. E custa mais do que qualquer trabalho especializado que consigam executar. E não tem horário, não se desliga, está sempre aqui a ocupar esta ruga na testa. Não tem reforma, nem folga. Puta que os pariu.

1 comentário:

  1. haverá um luto a ser feito. para recomeçar a luta de um ponto um pouco mais atras. não somos (são?) tão moderninhos como nos "venderam".
    bjs,ritar

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