Estava a pensar dar-vos mais uma palavrinha sobre o É NA TERRA NÃO É NA LUA quando fui surpreendida pelo facto de ter sido de novo agraciado, desta vez com o Prémio Cinema do Futuro no BAFICI de Buenos Aires.
Como vos tinha dito
ali, o filme deve estar mesmo a sair de sala e aproveito para vos acrescentar aquilo que tinha pensado:
Não é um filme para mobilizar qualquer um (embora devesse ser divulgado e apoiado de forma a seduzir o maior número de pessoas possível, exibido nas escolas, etc, porque é um filme sobre uma identidade e um estar português, da nossa cultura, que tem mais a ver connosco do que a maioria dos filmes e costumes que importamos). É como se o Gonçalo Tocha tivesse colocado a câmara numa série de locais e tivesse deixado correr... entre planos fixos de paisagens e planos fixos sobre pessoas que se limitam a fazer o que sempre fazem, seja isso conversar, rir, tricotar, matar um porco ou simplesmente pensar e descansar.
É um filme que nos dá a sensação de lá estar. E é mesmo para quem tem a capacidade de simplesmente estar. (Se não sabe o que eu quero dizer com isto talvez não seja bom sinal.) Não é para quem tenha medo do silêncio ou de escutar os seus próprios pensamentos. Nem para quem se refugie no entretenimento com medo do vazio.
Salvaguardadas as aptidões, a não perder.
A quem vá enganado, quem sabe não se torna uma boa surpresa?