18/07/12

Definitely, Maybe



A (des)propósito, ou porque a vida tem destas coisas e podemos tirar as ilações que quisermos dos filmes, ou dos livros, ou da própria vida (o que a torna bastante mais interessante ou, pelo menos, útil), acabei de ver há pouco um filminho com este nome que foi uma bela surpresa (ando com sorte nos filmes que vejo).
Um dos aspectos curiosos do visionamento foi o facto de ter sido feito na companhia da minha filha mais velha que tem precisamente a idade da menina do filme a quem o pai tenta explicar a sua vida amorosa, o seu divórcio (da mãe da criança), como conheceu a mulher e os outros relacionamentos que teve.
O filme ganha muitíssimos pontos em relação à generalidade das comédias românticas porque mostra a vida amorosa da generalidade das pessoas tal como ela é, contrária aos contos de princesas, em que as relações começam e terminam, muitas vezes mais pelas circunstâncias do que pelas pessoas envolvidas. E começam e acabam, e começam e acabam. E a vida continua, também na generalidade dos casos.

(O meu primeiro namorado-namorado, o namorado da adolescência, disse-me uma vez - então - que o amor é uma questão de circunstâncias. Na altura nem percebi o que ele queria dizer e tenho para mim que nem ele próprio sabia bem o significado daquilo. Suspeito que o tivesse ouvido e achado interessante de reproduzir num momento em que lhe parecesse adequado. Porque eu só percebi o que julgo ser o significado de tal coisa depois de mais uns quantos relacionamentos, casamentos, filhos, divórcios e etc. E não me tenho assim em tão fraca conta no que diz respeito a aprendizagens deste tipo.
Às vezes lembro-me de o ouvir pronunciar essa frase. Pronto, sobre isso, é só isto.)

De seguida (e aqui não vou voltar a abrir parentesis), e por razões de circunstância, lembro-me de quando era adolescente/jovem e me julgavam pelo número de namorados ou affairs que me conheciam (engraçada a parte do diálogo no filme em que a miúda pergunta ao pai qual o equivalente masculino para slut, chocada com a quantidade - não tão grande - de namoradas que o pai lhe menciona na história que relata e ele diz que ainda não existe mas que não tardará...) apesar de, quantitivamente, serem os mesmos que outras amigas minhas, bem comportadas, tinham - apesar de não serem sobejamente conhecidos. Às vezes a honestidade não parece compensar e há quem gira a franqueza com a perícia de saber o que omitir e o que revelar para impressionar os outros. Surtirá efeito a quem se baste com as aparências.
Lembro-me sempre dessa história quando, ainda hoje, em idade adulta (e agora que já tive de facto ainda muitos mais namorados, casos, maridos e amantes) alguém pretende moralizar sober o assunto (dá-me o ideal, o idea-a-al!...). E enche-me as medidas quando homens feitos se apresentam como donzelas e me contam como foi passar uma vida de sofrimento e onanismo (vulgo punheta, mesmo) à espera da mulher ideal. Sozinhos, estóicos, inabaláveis no seu propósito, preservando-se, nas suas próprias palavras, e aos seus corpos e sentimentos impolutos, da promiscuidade. Tudo lindo, maravilhoso e poético, não fora o facto de irem às putas, que não contam para estatísticas e não têm nome (a não ser quando muito provocados).

Enfim, o amor, brindemos ao amor!

Celebre-se o amor! Os inícios e os fins! Mas, caramba, o amor sério ou a paixão tórrida! Não me dêem amores remediadinhos! Mais vale perder o amor aos tostões e voltar às putas, assim como assim é o que fazem os senhores de bem.


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