06/05/12

Telúrica poesia, trágico vendaval


O filme mais bonito que vi no Indie (e dos que tenho visto nos últimos dias, Le Havre incluído, que eu vi pouco no Indie) foi, hoje, o Wuthering Heights (adaptação de Andrea Arnold do Monte dos Vendavais da Emily Brontë).

As imagens são belas, explorando aquilo que a natureza tem para dar e o modo como interage connosco. A luz, o vento, um brilho, a obscuridade. E há, sempre, um ponto de vista. Pessoal.

Ao mesmo tempo actual, numa estética que faz lembrar as imagens que inundam a net pela facilidade com que todos (ou tantos) as captamos (com o telefone, em vídeo, o instagram, etc), é simultaneamente tão intemporal que os próprios flares soterram a consistência do efeito digital... é um raio de sol que nos invade a visão, a muita chuva, a lama, a lama...

E a confluência dos elementos, as texturas, a lã, o pelo, o cabelo, a terra, o sangue, enquanto as aves sobrevoam os campos (onde por acaso também os humanos vagueiam) e largam as suas penas, sempre a mostrar que também não passamos de bestas. Ou sim, transcendemos. Porque resistimos aos instintos mais básicos e os contrariamos, em nome das nossas próprias construções. Biologia e Sociologia, lá está, de novo.

E se há alegria nos cães que correm e se alvoroçam, há a espera muda no escuro, de Heathcliff. E a dor física. E a ferida moral.

E o drama, a tragédia, a vingança, a paixão não consumada. Tudo o que me lembro da obra da Brontë que li em miúda mas que fiquei cheia de vontade de reler agora.

Belo, belo, belíssimo. E os actores, tão bons (a minha preferência vai para os jovens Heathcliff e Catherine, o Heathcliff adulto e o bruto Hindley).
Parece que este estreia.
A ver, a ver!










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